sexta-feira, 26 de agosto de 2011

sonho estranho

Img: Espanha, Salvador Dalí
No meu sonho aquela mulher aqui da rua, que tem muitos cachorros, servia para prever o futuro, Só que no sonho os seus cabelos que ás vezes confundem-se com seus poodles estavam amarrados.
Fazia uma roda que a incluía e previu fatos dos outros, o primeiro indivíduo eu não lembro o que foi. A segunda mulher “perde um ente querido”.
Previa o futuro desse jeito,usando os verbos no presente e eu constatei ao acordar que os fatos já estavam acontecidos.
Eu, no sonho, A temi. Mas chegou minha vez e ela “previu” com verbos no presente duas coisas.  A primeira eu já estou vivendo e a segunda achei bonita no sonho, mas ao acordar achei triste demais.
Não contarei. Mas foi estranho.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Aquele homem (ou O Poeta na Terra)- que vendeu a alma às palavras.


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_4vnUxQ26Iwd8T5cHjf3YvUdCjiy3u1-f4PMFirwAdoXaQZTcZNYCmZ0T2eYkXDVDPxptRSSFxMQXPRiCtEpS8qTbGlqElZT8ziQjove64hQHLCDFVsdCvPpjUoXB9mCDuIkD_KlSjkSK/s1600/a_poesia_m_o_escrevendo.jpg
Aquele homem era como o antropólogo em Marte, mas este era o poeta na Terra.
Porque os poetas não vivem na Terra, Parece. Mas não vivem. E aquele homem era bem assim.
Só seu corpo vivia na Terra, o seu beber água, o seu andar, dormir e acordar, Mas o “kit de sentimentos” ele, em qualquer dia (deve ter sido cedo) resolvera canalizar pra poesia. Bonito. Pode-se pensar. Mas nem tanto, Virou praticamente uma patologia.
Aquele homem vendeu a alma às palavras. (Quer dizer, isto é o que eu digo) O que se chama vida só acontecia em sua escrita, Ele escrevia o tempo todo e em qualquer lugar, nos papéis pequenos, nos cantos das folhas e se não tivesse nada disso por perto escrevia com os dentes na própria língua, apesar da letra sair feia.
Ao “conversar” com os outros, estreitava chinesamente os olhos e absorvia o que ouvia e já imaginava tal coisa (i)mortalizada no papel.
Era casado. Tinha emprego.
A mulher foi conquistada, claro, por sua poesia, Qual não se apaixonaria?
Era a mais feliz de todas, mostrava às amigas todo recente escrito. “E seu marido o que é”?” “Poeta”. Respondia cheia de boca. Percebeu logo que aquele homem, era assim “distraído”. Mas ela mesma o defendia “ coisa de artista...”
Aquele homem tinha os olhos brilhantes, parecia até que lá vivia um menino.
Amigos, tinha. Eram s(eu)s personagens, que mais pareciam ele mesmo, Ora e não devem ser assim os amigos?
Tinha também uma amante, Claro, só em poesia. A camuflava entre os versos que era pra esposa não perceber.
Sexo, fazia. Nos versos. Sem onomatopéia, que ele não gostava, já que é barulho escrito e o que ele gosta mesmo é silêncio. Ás vezes fazia sexo escrevendo pela corrente Impressionista, outras vezes a Naturalista- e assim mesmo quando era com a amante- e pela Realista com a esposa. Ou seja, sem graça.
Aquele homem sabia de muitas coisas, Claro e como não saberia? Conhecia muitas palavras. E todas as coisas têm nome. (Será?)
Aquele homem vivia grandes estórias, As estórias eram ele. Vivia infância, adolescência e alta idade quando quisesse, Deve ser por isto que só vivia lá nas palavras.
Como seria se vivesse na Terra? Como seria se fosse de verdade?
Se não era poesia que escrevia, beleza também não era. E mandava recados economizando seus caracteres, sua simpatia e sua criatividade. Ou seja, curto, grosso e democrático.
E quando morrer? Morrerá nos textos ou na Terra?

Gosto dele não. Gostava. Mas não gosto mais.

Sei lá o que esperar de alguém que é de um jeito cá, de outro jeito lá. (palávras). Só se compreende lá e se garante cá por causa de lá.

Eu vivo cá, vou lá de vez em quando, assim desse jeito aqui. Dizer lá o que eu colhi de cá. E dizer cá o que colhi de lá. Se eu for vender minha alma, Será às Imagens (aquelas que se movimentam). Mas ainda tô negociando, Pra ser imagem, necessita ser gente. Eu gosto é de gente e Aquele homem...
Bem, Aquele homem...
Sabe-se lá.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Minha Tia

Georgette- Rene Magritte

Mulher de 37 anos. Duas filhas. Um recente ex-marido. Magra, mas com certa barriga protuberante - que faz duvidar se é ou não gravidez. Voz com um som que parece uma torneira emperrada, quando canta os louvores da igreja que participa, os vizinhos contribuem com a sinfonia fechando bruscamente as janelas.
Evangélica da Assembléia, e também viciada em astrologia (além de cigarro). Soube que seu marido estava traindo-a pela previsão diária de Gêmeos e ao verificar seu extrato bancário contendo o suspeito Motel:
“Casa de Carnes Marcos”.
Quando passo pela sua casa, pela janela ela revela sua cara, e antes de qualquer cumprimento me conta as novas sobre seu, agora, ex-marido.
Usa de adjetivos típicos de revistas de astrologia, “É que ele é instável”.
É capricorniana. Diz ser mais centrada em seus afazeres. “Ponderada”.
Antes de participar da igreja, era mais hipocondríaca; Já “teve” de furúnculo á leucemia.
Mas sua característica mais engraçada, pelo menos pra mim, É que por falar muito e sem parar atropela a gramática, e tem um gravíssimo problema com ditados populares.
Quando precisou dizer que ficou “impressionada” com algo quis ser enfática e disse “fiquei im-pres-sio-nan-te”. Ri-me. Em uma de suas doenças o nervo “asiático” estava afetado. “Cão de lata não morde”, “De grão em grão a galinha bate papo”, “Quem desenha quer comprar”, “Deus é mais, não é padrasto”. “É sempre assim ‘o de cima desce e o de baixo sobe’”, “ De noite todo gato é pato”. E por aí vai.
Agora acredita na teoria conspiratória dos cartões Mondex, onde será inserido um chip na fronte ou na mão direita de todas as pessoas que serão obrigadas a fazer tudo o que o governo quiser e será proibido falar em nome de Deus e ler Bíblia. Tal como diz no Apocalipse sobre a besta 666. Em toda conversa, cita esta bendita teoria. Nada contra, mas acho graça e boa idéia para um filme.
Falando assim, Parece que não gosto dela, mas verdade é que gosto, só a observo mais do que a ouço, de fato. É uma grande mulher, cozinha bem e cuida de suas filhas as advertindo sobre os homens e as escrituras bíblicas.
Its all.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

As coisas que a gente não esquece nunca

Porque tem coisas que a gente não esquece nunca não é verdade? Mas to falando de coisas simples, as pequenas.
Na noite de sexta coloquei coisas na mochila e saí para ir dormir na casa de amigas, algumas pessoas me olhavam e eu pensava ser por causa da mochila que estava gorda, não costumo falar com meus vizinhos, então eles deviam perguntar-se aonde eu iria àquela hora. Me lembrei de um episódio onde eu estava no ônibus, voltando de viagem, todos passageiros dormiam mas eu estava entretida com os acontecimentos lá fora e notei um menino, talvez com a minha idade de então, 11 anos, com uma mochila aparentemente pesada, com cara de choro (ou era o frio?) as mãos no bolso, andando cautelosamente. Naquela idade eu não saía de casa tão tarde (era umas 23 h) e passei a especular o que aquele menino fazia aquela hora, de  mochila e na rua? Criei mil histórias... Fugiu de casa, pois brigara com o padastro que o ameaçou de morte... Ou foi expulso pela mãe por algo que fez, ou não tinha casa, só aquela mochila... Enfim, mil histórias por uma imagem que captei em poucos segundos. Portanto toda vez que saio ou vejo alguém de mochila pesada, tarde da noite, Renovo a lembrança e recomeço a especular, “ Olha aí talvez aquele menino somente estivesse voltando do seu curso”... “talvez apenas indo dormir na casa de amigos”.
Não sei com vocês, Mas tenho muitas lembranças deste tipo, coisas que nunca esqueço e vira jargão comigo mesmo, Por exemplo, No meu primeiro dia de aula na escola, chorei muito, não queria estar ali de jeito nenhum, Minha mãe tentava me acalmar “é só até as 18” Eu não queria saber, chorava soluçando, Já na sala, as lágrimas ensopavam o caderno, a mão trêmula ao pintar o desenho, O menino á minha frente, Jeferson , ainda lembro, resolveu me acalmar  dizendo a hora e quanto faltava pra acabar.
O coitado se deu mal, porque eu perguntava de um e um minuto e ele respondia automaticamente até que explodiu “Olha, você não vai ficar aqui pra sempre!” Aí calei. Enxerguei a distância entre seis horas e para sempre. Hoje em dia, no trabalho, cursos ou demais lugares, se estou impaciente, inquieta, repito a mim mesma religiosamente “ você não vai ficar aqui pra sempre” “ você não vai...”
Mesmo assim tenho grandes dificuldades de me manter em algum lugar por mais de horas e se tiver um jeito, vazo.
Mas não é engraçado como coisinhas se fixam em nossas memórias? Ficam como que pendentes e nós retomamos sempre que algo semelhante ocorre. Sei lá. Vai ver que vem no kit de existir.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

poesia de gente-cinema


Era bom eu por minha vida no final CUT , mudar e cortar alguns frames da minha memória.

Ás vezes ajo em mais de 36 fps e isso não é nada bom.

Se eu fizesse um plano geral até hoje, São poucas as coisas que mereceram devidos plongees eu queria mesmo é fazer um fade out em determinadas situações e dar um close no que realmente importa.

Mas essas inquietações podem terminar num travelling, viajando pra outro lugar ou intensificar quem é que sabe?

A qualquer momento pode acontecer um boom e tudo se acalmar.

No background do meu coração sei que se espera um highlight só que já foi tempo demais pro meu gosto.

Meus olhos ainda estão interlaced nos seus ou ainda enxergam como fisheyes...

Quero subir no mais alto de uma grua e gritar no máximo de dbs até dar tilt ou vou segurar a respiração até ficar RGB ! Não, melhor eu controlar o diafragma.

A waveform deste enredo já ta ficando tensa, vou fazer o white balance e recomeçar.

The noir está chegando, preciso dormir e desligar a luz do set.

Obrigada pela leitura.

Sobe os créditos.