terça-feira, 28 de setembro de 2010

A pedra rosa



Já lhe contei sobre a pedra rosa?
Ainda não sei porque me esqueço deste fato com tanta facilidade, mas quando lembro percebo que algo, alguém  se preocupa comigo e me presenteia!
Presenteia! Gosto tanto de presentes ... e quem odeia?
Eu estava no ponto de ônibus, estava com um medo, mas um medo! E não era um medo comum, de ser assaltada, de chegar atrasada, de morrer, Não era este medo. Era medo de a felicidade ir embora. E não uma reflexão triste acerca disso. Era medo mesmo.
Eu havia conseguido algo, salva pelo gongo, antes da meia noite dos contos, aos quarenta e cinco do segundo tempo. E alguém me traria um papel de permissão, Que tem outro nome mais conhecido, mas vou mistificá-lo. Esse papel permitia que eu chegasse a um amigo, aquele que me ensinou e me ensina todas essas coisas de “sophisticated lady,you’ve got it all”, de “be Love,be grate,be winner” etc  e tal.
Todos os ônibus passavam e nada da pessoa que me traria este papel, Nada, O tempo corria, Eu batia o pé, apertava as mãos, Certificava o celular e nada.
Eis que um menino veio perturbar minha perturbação, dizendo:
Quer comprar uma pedra rosa?
Eu disse “Não!”o destratando para que fosse embora logo.
Ele lamenta:
Ah, Ninguém gosta mesmo de pedras rosas!
Fiquei curiosa e pedi pra ver. Ele mostrou, Não era muito rosa.
Ele carregava um abacaxi e tinha um amigo do lado. Os olhos dele eram levemente caídos, quase fechados.
Perguntei:
Quanto é a pedra?
Ele  perguntou quantos anos eu tinha, Respondi "19" imaginando que ele fosse um mercenário.
Não sei que cálculo ou marketing ele havia adotado, mas respondeu:
Então é de graça.
Me deu a pedra e eu ainda batendo o pé , nem fazia idéia do que estava acontecendo.
Eles não foram embora,Sentaram do meu lado e sem que eu perguntasse,O vendedor diz:
Eu me chamo (...) (Jamais vou lembrar) dos Anjos! dos Anjos!
Destacou.
O outro mais tímido disse também seu nome inteiro que eu nunca vou lembrar. Disseram que tinham 9 anos, ambos. Eu mal os ouvia. Mas disse:
Vá levar o abacaxi que sua mãe lhe mandou comprar! Se demorar ela vai ficar preocupada!
Eles se entreolharam com cara de “não entendi”Talvez nem fosse a mãe que mandou, mas levantaram, ele , o vendedor  disse:
A pedra rosa tira o medo, segure-a e ele vai embora.
Embelezo um pouco suas palavras pois não lembro mesmo quase nada. Eu estava em duas órbitas, a do medo e a do Presente. Que queria me dizer que tudo daria certo. Que a felicidade não ia durar pouco. Ia acontecer e pronto. Já estava acontecido. Eu havia lhe pedido e já estava dado. A mulher de colar de contas brancas, cabelos desgrenhados e dentes amarelos descia do ônibus, amarrotada e explicando sua demora. Eu não a conhecia, nem aqueles meninos. E nunca mais os vi.
A pedra rosa se faz lembrar sempre quando tenho medo de algo ser mentira, de algo não dar certo e não sei bem o que ela faz, se guarda com ela, ou se tira de  mim. Não sei. Mas é minha, é Presente e sempre está comigo.

A data deste acontecimento é 21/11/2009









A pedra e a tatoo tem tudo a ver.






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